No Brasil, especialmente, temos vivido tempos de desesperança e estamos desacreditados dos líderes políticos. Não temos a melhor educação, a melhor saúde, as melhores rodovias, os impostos justos. Há corrupção e das grandes. Poucos em busca de amealhar tesouros que em uma vida não seriam capazes de gastar. E para tanto, tiram daqueles que deveriam ter o direito a uma educação de qualidade, a uma saúde digna, à segurança. As florestas agora tem a permissão de serem devastadas. Ainda mais devastadas. Se em momentos assim, onde estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que o Brasil é o país mais deprimido da América Latina, não encontrarmos um propósito para nossa vida, que dê sentido e nos faça querer levantar e saudar um novo dia, não conseguiremos passar por tantas coisas. 
Embora este turbilhão esteja acontecendo, há muita coisa boa acontecendo simultaneamente. Há mais pessoas boas que más. No entanto, não basta deixar de fazer o mal. É preciso fazer o bem. Sabe quando olhamos um animal nas ruas faminto? No começo ele está até gordinho (imagine que foi recém abandonado). Nós não o alimentamos porque achamos que tem dono, que ele pode se acostumar e não sair da frente da nossa casa ou pior: que o outro vai fazer isso por você. E o outro também acha que o outro o alimentará e no final sabe o que acontece? O animal morre, faminto. Isso se aplica a todas as situações na qual deixamos de fazer o bem e nos omitimos. Quando vivemos com propósito olhamos ao nosso redor e percebemos que nossa vida possui muito mais bênçãos que desgraças e que temos muito mais do que merecemos. 
Eu tenho vivido com o propósito de tentar ser uma pessoa melhor hoje do que fui ontem, fazendo a diferença ao meu redor. Escutando com atenção, olhando nos olhos das pessoas, dando uma carona solidária, sendo gentil e ajudando como posso quem está ao meu redor. Um dos propósitos deste ano foi amenizar o egoísmo que sei que tenho e olhar ao meu redor. E ser mais grata e proativa. Hoje meu propósito é viver de maneira mais simples, tendo menos necessidades, menos ambições e cultivando aquilo que dinheiro algum compra. Quero riquezas que possa levar para a outra vida quando chegar o momento, que chega para todos. Quero experiências, lembranças, cheiros de café, de bolo e pão assado, risos, abraços, cafunés, paisagens, amizades,flores, animais, longas conversas...Quantas vezes nosso propósito de vida é ter e não ser? Não é raro me pegar ainda almejando coisas, ter ao invés de ser. Há muito ainda a ser lapidado, desapegado...mas este é mais um propósito de vida. Não é errado de maneira alguma ter propósitos materiais. Não estou dizendo isso. Seria hipocrisia minha. Não é errado querer crescer e ter ambições, conforto, comodidades. Só estou tentando dizer que isso não deve ser o motivo maior de nossa existência. Não tem muito sentido ficar horas fora de casa trabalhando para "dar conforto aos filhos" como roupas caras, tecnologias de ponta e perder a infância deles. Crianças precisam de atenção, desenhos, bola, bicicleta e brincadeiras e não de tablets. Resgate a posse afetiva das pessoas que ama. 
Este ano quando percebi que estava meio desesperançosa, li algo sobre a ignorância seletiva e decidi colocar em prática. Eu não assisto mais jornais, nem novelas. Assisto vídeos de pessoas que tem mensagens positivas. Leio livros legais. Ouço músicas que elevam o astral. Entendi que toda minha revolta com os desmandes dos nossos governantes não fariam com que eles mudassem de ideia e atitudes. Estou vivendo minha vida e fazendo o meu melhor. Meu marido discorda deste ponto de vista, diz que ficarei alienada. Mas será que resolve a militância do sofá? Adianta eu ficar dando indiretas no governo através do facebook? Adianta gritar no facebook que não concordo com nada disso? Claro que procuro me inteirar sobre o que está acontecendo ao meu redor, mas eu seleciono as fontes, comparo as opiniões e tiro as minhas conclusões. Percebi que a Globo não é parâmetro para nada. Não preciso assistir o Datena gritando por mais um crime monstruoso. Houve um tempo que o assitia diariamente e comecei a ter medo de sair de casa. Qualquer barulho me acordava. Não quero mais isso, esse é meu propósito: viver em paz, num mundo de coisas boas.
Já sabe o seu propósito de hoje, do mês, do ano, da vida?
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