Cabelos cacheados: aceitar é libertador



Durante a infância jamais tinha percebido que havia "algo errado" com meus cachos até entrar na escola e receber diversos apelidos depreciativos. Lembrando que naquela época não tinham inventado os nossos melhores amigos: cremes de pentearPassei a ter uma relação de ódio com meus cachos até o final da adolescência (ou seria até os 20 e poucos anos?). 

O pior é que nunca quis ter os cabelos lisos. Fiz apenas uma selagem capilar que o cabeleireiro jurou que não tinha uma gota de formol, apenas para “domar” os cachos e não gostei nem um pouco. Não gostei do tanto que puxou, do cheiro ruim dos produtos e da queda de cabelo que tive depois. Felizmente aprendi a cuidar dos meus cabelos. 
O cabelo cacheado é um cabelo "guloso" que ama “comer” óleos vegetais (como o de coco, amêndoas, rícino e de oliva), além de necessitar de hidratações constantes e cremes de pentear para modelar os cachos. 
Fico feliz ao verificar a quantidade de produtos que hoje estão disponíveis no mercado, diante do movimento cacheado de recusa de ser quem não é. Hoje verifica-se o “abaixo a ditadura dos lisos!”. Aleluia!!! 

Ainda há muito preconceito, pois muitas vezes estive em rodinhas de conversa sendo a única cacheada da turma, uma ou duas com cabelos lisos naturais e as demais todas com progressiva e tive que ouvir vários comentários maldosos e piadas sobre “cabelo ruim”. Hoje não admito mais isso não.

Não existe cabelo ruim minha gente, ruim é este preconceito todo

Existe cabelo liso, crespo, cacheado. Ruim, não. 
Nada tão bom como o empoderamento e fazer as pazes com nossos cabelos, sejam crespos, cacheados ou lisos. 
Cada um necessita de um cuidado específico e um corte que o valorize. 
Não é saudável sermos submetidos a tanto formol, tornando-nos escravos dele. Não é saudável nem fisicamente e nem financeiramente. 
São horas perdidas tentando ser o que não é. Dá pra fazer muita coisa com o dinheiro deixado no salão. Mas a questão nem é essa. Se é algo que faz porque gosta, ok, mas se é para se enquadrar em um padrão quase desumano estabelecido pela sociedade e para agradar aos outros, aí não dá.

Quantas vezes fui apenas cortar as pontas e os benditos dos cabeleireiros queriam me convencer a fazer uma progressivinha que juravam não ter nem uma gota de formol...como se fosse errado não ter cabelos lisos. 
Que bom que o discurso está mudando. Que bom que o discurso já mudou. Há diversos blogs que ensinam a cuidar dos cabelos crespos e cacheados e a enfrentar a transição capilar. 

Empodere-se, somos lindas com essa cabeleira maravilhosa!







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