Li recentemente uma entrevista do psicanalista Contardo Galligaris
sobre a felicidade, na qual ele enfatiza que o melhor a ser feito é não
procurá-la, mas sim buscar bem estar no dia-a-dia. Ele continua dizendo que é mais
recompensador o ato de sentir-se competente no trabalho do que a própria
remuneração. Leandro Karnal fala em um dos seus vídeos sobre a necessidade de o
cidadão contemporâneo parecer
feliz. Ao contrário dos nossos avós que em raras oportunidades reuniam-se para
tirar retratos e todos permaneciam sérios, hoje verifica-se uma banalização da
imagem, beirando ao ridículo em algumas situações. A necessidade de mostrar
sucesso e felicidade nas redes sociais tem causado diversos transtornos, como a
ansiedade e a depressão. Nunca índices tão altos de depressão foram registrados,
em contraponto com uma multidão que se autodenomina a mais feliz de todos os
tempos. Hoje parece que todo mundo tem uma vida sensacional, só come em
restaurantes phinos e viaja toda semana para lugares
incríveis. Racionalmente, sabemos que os simples mortais não tem esta vida de
badalação diária e, querendo ou não, todos temos uma rotina.
***
Sabem, a palavra
rotina teve um significado muito pejorativo atribuído a ela, na minha opinião. Fala-se muito sobre a necessidade de “quebrar
a rotina”, “sair da rotina”, “não deixar cair na rotina”. Gente, a rotina não é algo ruim. Mesmo. Precisamos ressignificar nossa rotina,
enxergar com novos olhos o que vemos diariamente. Meu trabalho é o mesmo todos
os dias, mas o trajeto para chegar até ele pode e deve ser outro, tenho o
privilégio de uma vista maravilhosa, nada impede que eu tenha plantas em minha
mesa e converse com pessoas amigas que hoje não são as mesmas de ontem, pois
estamos em constante transformação. Em casa, o que me impede de acordar mais
cedo e absorver o silêncio das paredes e assistir ao nascer do sol? Por que não
mudar o jeito de arrumar as gavetas, usar pratos, taças, toalhas, lençóis bonitos que ficam
guardados esperando uma “ocasião especial”, testar uma nova receita ou uma nova
forma de fazer aquela receita que tanto gosta?
***
O que quero dizer com isso tudo
é que é bom conhecer um lugar novo − dar uma lufada de ar fresco na vida – (preencha com aquilo que seria o sair da
rotina pra você), mas acima de tudo é gostar da vida que se tem, curtir sua
casa, suas coisas, seus amigos, sua família...E se algo não tiver bom, tente melhorar e mudar o modus operandi, ou seja; o jeito de fazer as coisas. Curtir inclusive aqueles dias que
não são muito legais, mas com paciência. Ontem, aliás, tive um dia daqueles (foi
o ó) onde tudo dá meio errado desde o momento em que acordamos, sabe? Mas
perder a calma e descontar nos outros não tornaria meu dia melhor...precisei de
um autocontrole muito, muito grande...que só consegui devido a alguns
aprendizados da doutrina espírita. Dá trabalho a tal reforma íntima, dá muito
trabalho tentar vencer as más tendências e não é todo dia que dá certo. Mas
ontem deu e o pior já passou. O que eu mais desejo neste dia é ter mais dias
com foco no bem estar e menos dias tentando ser feliz. Se a felicidade bater à
porta será bem-vinda, mas não ficarei correndo atrás dela. E tenho dito!
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